A mente humana é um instrumento muito útil para realizarmos inúmeras tarefas. Resgatamos memórias, raciocinamos, fazemos planos e tomamos decisões, por exemplo, com o auxílio dos nossos mecanismos mentais. No entanto, para que consigamos usar nossa mente a nosso favor, devemos treiná-la.

Apesar de todas as suas utilidades, a mente humana apresenta condicionamentos que, se não forem controlados, podem comprometer nossa qualidade de vida. Isto porque, a agitação mental pode ser causa de vários transtornos, não só psíquicos, mas também físicos.

Dentre as técnicas desenvolvidas para controlar a mencionada agitação, destaca-se a meditação. Como nos relacionamos com a nossa mente durante 24 horas, ao longo de 365 dias por ano, seja consciente ou inconscientemente, é fundamental controlarmos a sua turbulência para que as consequências deste constante diálogo não sejam desfavoráveis para nós e nem para os que nos cercam.

O principal objetivo da meditação é aquietar a mente, isto é, reduzir a frequência das ondas mentais para que tenhamos acesso a regiões mais profundas do nosso Ser. Afinal, a verdadeira paz só pode ser alcançada quando conseguimos ir além da nossa mente.

Nesse contexto, devemos voltar nossa atenção para a sua forma de atuação, seus ciclos
viciosos, afinal, somente conhecendo-os temos condições de interrompê-los. Ao longo da prática, portanto, esforçamo-nos para frear nossa tendência natural de pensar. E tais interrupções criam os espaços, através dos quais podemos experimentar outros níveis de consciência.

Existem diferentes técnicas de meditação, de modo que algumas características da prática podem variar de uma escola para outra. Contudo, todas têm o mesmo propósito de treinar a mente a se manter concentrada. Esse treinamento é feito com base no esforço empregado para que os pensamentos não roubem a preciosa atenção.

Meditação é concentração

Ao longo da meditação, podemos observar que a tendência natural da mente é divagar. A todo momento somos inundados por uma chuva de pensamentos que nos projetam para o futuro ou nos remetem ao passado. O objetivo durante a meditação é justamente não embarcar nesses pensamentos.

Ou seja, devemos observá-los, aceitar que eles existem, sem se deixar envolver pelos mesmos. Aprendemos a manter nossa mente em estado de alerta, e percebemos que toda vez que a perdemos na confusão dos pensamentos, temos a possibilidade de trazê-la de volta à atenção.

Dessa forma, verifica-se a importância desse exercício ser realizado diariamente. Afinal, o que se observa e aprende no decorrer da meditação é o que devemos colocar em prática no nosso dia a dia. O treino para que nossa mente se mantenha concentrada nos revela que os pensamentos são como ondas, que vem e vão, de modo que não precisamos acreditar em qualquer um deles, e nem somos obrigados a agir conforme nos sugerem.

Se durante a meditação podemos observar os pensamentos e retornar à concentração sem sermos dominados por eles, também podemos aplicar isso a qualquer situação de vida. E com a prática, desenvolvemos essa habilidade de escolher a quais pensamentos iremos nos apegar.

Assim, capacitamo-nos para neutralizar pensamentos destrutivos, de modo que nossas ações passam ser, cada vez mais, impulsionadas pelos pensamentos positivos.

Consequências físicas da meditação

Além de nos ensinar a não embarcar em nossas ondas mentais, a meditação nos traz outros benefícios, especialmente no que tange ao fortalecimento do nosso sistema imunológico.

Durante a meditação mantemos uma respiração suave e profunda, fazendo com que o ritmo de nossos batimentos cardíacos seja reduzido. O psicólogo Daniel Goleman, em sua obra intitulada “A Arte da Meditação”, apresenta evidências de como a meditação pode ser um recurso eficiente no combate às doenças.

Dentre os benefícios, temos o controle da hipertensão, já que é aliviada com a prática regular de meditação. A pressão sanguínea, que reage tanto às tensões externas quanto às fantasias mentais, pode ser abaixada, na medida em que deixamos de dar energia aos pensamentos.

Com relação ao estresse, o autor revela descobertas científicas as quais comprovam que
pessoas que meditam regularmente apresentam um nível diário de ansiedade bem menor do que os que não meditam.

Sofrem menos com problemas psicológicos ou psicossomáticos, como resfriados, insônia e dores de cabeça. Ainda, pessoas que costumam meditar tendem a retomar mais rápido um estado de relaxamento depois de passarem por momentos estressantes.

A meditação, portanto, tranquiliza a mente, relaxa o corpo e desenvolve nosso poder de
concentração. Ela favorece o processo de autoconhecimento, a ponto de despertarmos
nossa capacidade de resistir aos golpes da vida e de lidar com o estresse diário. É um treino para ampliarmos a nossa atenção a tudo o que fazemos, de modo que nossas atitudes passam a ser mais cuidadosas, respeitosas e amorosas.

O verdadeiro estado meditativo é alcançado quando mudamos nossa forma de
relacionamento conosco e com o mundo. Pode-se ler, pesquisar e ouvir muito a respeito dos benefícios da meditação, no entanto, eles só podem ser, de fato, compreendidos através da experiência pessoal, quando a prática é incorporada à rotina.