Excesso de demandas, sobrecarga no trabalho e na vida pessoal podem, por vezes, fazer com que as atividades se tornem exaustivas, desgastantes e, consequentemente, ocasionar estresse quando acumuladas.

O estresse é o acúmulo de energia que está parada, de algo que não foi cuidado, que não demos a devida atenção necessária. O desgaste físico e mental causado por esse processo.

Pode ser expresso de diversas formas; desde aquela gaveta por arrumar, a conta para pagar, uma conversa pendente ou até mesmo algum sentimento ruim guardado.

Como consequência, ocorrem o aparecimento de algumas doenças físicas ou psicológicas, como, por exemplo, a síndrome de burnout: estado de esgotamento físico e mental, cuja causa está ligada a vida profissional.

Uma vez que a realidade em que vivemos não nos permite parar o que estamos fazendo e ir para um mosteiro, ou algo parecido, a solução está no processo. Nos permitir relaxar e fazer uma pausa, desconectando do externo para conectar com nosso mundo interno, que por vezes se torna esquecido e engolido pelas demandas da vida diária.

Dessa forma, a “Parábola do Velho Lenhador” pode ilustrar bem o sentido apresentado:

Um velho lenhador que era famoso por ganhar todos os campeonatos que participava, foi desafiado por um jovem lenhador, para saber quem cortava mais lenha em um determinado período de tempo.

O jovem lenhador começou a cortar as lenhas sem parar com toda sua energia e, enquanto isso, o ancião a cada tempo de produção do corte da madeira, parava, fazia uma pausa e afiava seu machado.

Muitos acreditavam que finalmente o velho perderia a condição de campeão dos lenhadores, em função da grande vantagem física do jovem desafiante.

Ao final, o jovem ficou surpreso como o velho havia conseguido cortar mais madeiras e ganhar a competição.

Desconfiado, o moço indagou ao velho:

– Mal posso acreditar, muitas das vezes quando eu olhei para o senhor, durante a competição, notei que estava sentando descansando e, no entanto, conseguiu cortar muito mais lenha do que eu. Como pode?!
– Engano seu! disse o velho. Quando você me via sentado, na verdade, eu estava amolando meu machado. Percebi que você usava muita força e obtinha pouco resultado.

Hoje não é tão diferente, pois em um mundo onde o fazer se torna a tônica diária, a correria do dia a dia nos impele sempre para a ação.

Estamos sempre muito ocupados e, por isso, o tempo se torna um artigo de luxo. Dessa forma, adoecemos cada vez mais por conta dessa escassez.

Na visão do Center for Skillful Means da Califórnia (CSM), a pausa e o relaxamento são a base para a restauração do nosso equilíbrio, e importantes ferramentas que podem transformar estresse em bem-estar.

São ensinamentos de meios habilidosos apresentados por Tarthang Tulku, um Lama tibetano, para ajudar indivíduos e organizações a prosperarem.

A proposta é que a gente possa adicionar ferramentas para termos recursos internos que nos auxiliem no cotidiano, que nos deem mais qualidade para ser, assim como o ancião fez.

Para isso, também precisamos de tempo para “afiar nossos machados”, pois esses momentos de pausa são muito benéficos para nos fazer mais resistentes às adversidades e manejar o estresse. Dessa forma, podemos nos manter em equilíbrio para uma boa produção.

Mas a final, como podemos nos equilibrar na vida?

Quais os recursos dispomos para nos recarregar? Como aprender a ter estabilidade na instabilidade?

Como podemos aprender a relaxar na tensão?

Que tal praticarmos um pouco agora? Sim, também precisamos ter tempo para nós mesmos! Ter tempo para cuidar da gente e das pequenas tarefas do cotidiano.

Faça uma PAUSA durante o dia

PARE! Feche os olhos, se for possível, e apenas preste atenção em sua respiração; conte 10 vezes cada inspiração e cada expiração.

Se pensamentos vierem, apenas observe-os. Deixe virem e irem embora, sem se apegar a eles e sem julga-los. Volte sua atenção apenas para respirar profundamente.

O relaxamento é a ferramenta essencial para criar espaço interno e externo; e o melhor, pode ser feito durante o trabalho!

Automassagem

É uma aliada que pode ser usada ao longo do dia e, um dos exercícios, de forma bem prática, pode ser feito na hora do banho. Preste atenção aos cinco sentidos (tato, visão, audição, olfato, paladar) que estão implícitos nesse momento e, por muitas vezes, se tornam automáticos.

Então, enquanto você estiver no banho, sinta o contato dos seus pés na água, sinta a temperatura, deixe a água escorrer pelo seu pescoço e faça uma massagem com as mãos em cada parte do seu corpo.

Ao se ensaboar, observe os pontos de tensão em seu corpo e apenas respire profundamente, ouça cada som, que provém da ação.  Sinta o cheiro do perfume do seu shampoo, e perceba a sua boca levemente molhada pela água do banho.

Dessa forma, podemos restaurar nosso equilíbrio, aliviando o stress e restabelecendo nossas energias para funcionarmos de maneira suave e harmoniosa em relação a nós, aos outros e ao nosso ambiente.