Quem sabe o que é inteligência emocional? Levanta a mão aí!
– Eu, eu, eu!!!
Esse pode parecer só um jeito animadinho de começar um texto para chamar sua atenção, mas também é um convite para que possamos parar e pensar: “Eu sei o que é Inteligência Emocional? O que eu já ouvi falar sobre? Será que é inteligente emocionalmente aquele que namora todo mundo que quer? Será que é o cara mais popular da faculdade?” Se você já começou a se perguntar e está buscando uma resposta aí dentre seus mil registros que podem te levar a um palpite, ótimo!
Antes de construirmos uma resposta bonita para essa pergunta tão relevante, já posso ir adiantando que não. Certamente, não é isso que resume ou define o que é a Inteligência Emocional, mas podemos dizer que quanto mais inteligente somos nesse grupo de quesitos, mais sociáveis nos tornamos e, consequentemente, melhoramos nossas relações e nossas vidas.
A inteligência emocional é essa variável fundamental para obtermos equilíbrio e bem estar.
Nesse breve texto vou tentar dividir com vocês alguma coisa do “muito pouquinho” que sei até agora sobre o assunto. Já deixo registrado que é possível que voltemos a falar mais sobre isso no futuro, já que Inteligência Emocional é um daqueles temas atemporais em Psicologia e sempre “rende pra caramba”. Bom, então vamos a ele!
Sabemos que os estudos científicos no campo da neurociência e da Psicologia Positiva estão avançando e trazendo mais e mais conhecimento sobre temas como, por exemplo, plasticidade cerebral, sobre o quanto de potencial do cérebro usamos (sempre achei curiosa a necessidade humana de mensurar nossas capacidades!!!) ou vários conceitos mais “modernos” de capital psicológico tal como a resiliência, tipos de mindset (mentalidade), benefícios do otimismo e da felicidade, dentre muitos outros.
Mesmo considerando a importância inquestionável de todo esse avanço, ainda assim, não podemos deixar de considerar que a base do funcionamento humano se associa ao entendimento da inteligência emocional.
E quem está falando isso sou eu? Claro que não! A maior autoridade no assunto nas prateleiras das livrarias e nas publicações científicas é Daniel Goleman , ele afirmou em seu livro intitulado “Inteligência Emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente” (1995), o seguinte:
“As emoções, portanto, são importantes para a racionalidade. Na dança entre sentimento e pensamento, a faculdade emocional guia nossas decisões a cada momento, trabalhando de mãos dadas com a mente racional e capacitando – ou incapacitando – o próprio pensamento. Do mesmo modo, o cérebro pensante desempenha uma função e administrador de nossas emoções – a não ser naqueles momentos em que elas escapam ao controle ao cérebro emocional corre solto. Num certo sentido, temos dois cérebros, duas mentes – e dois tipos diferentes de inteligência: racional e emocional. Nosso desemprenho na vida é determinado pelas duas – não é apenas o QI, mas a inteligência emocional também conta. Na verdade, o intelecto não pode dar o melhor de si sem a inteligência emocional. Daniel Goleman (1995)”.
Não bastasse essa referência, ninguém menos que Dalai Lama, disse:
“Que o mundo possa ser feliz, que a humanidade possa ser feliz. E a chave para isso é aprender a lidar com as nossas emoções”.
Dito isso, podemos concordar que Inteligência Emocional é importante? Então, agora vamos responder àquela pergunta que está lá na primeira linha do texto. Logo, podemos dizer que Inteligência Emocional é a capacidade que o indivíduo tem de reconhecer suas próprias emoções e as das outras pessoas, discriminar e saber nomear os diferentes sentimentos, utilizando assim a percepção emocional para direcionar melhor o comportamento.
Podemos ainda dizer que se trata de uma espécie de “patrimônio”, que nos proporciona adaptação para vivermos as situações do dia a dia com muito mais habilidade e sucesso, desde as coisas simples, como saber o que dizer ao entrar numa festa, até as mais complexas, como por exemplo, saber genuinamente se colocar no lugar dos outros ou saber entender porque estamos nos sentindo desta ou daquela forma.
A ideia de considerarmos a inteligência emocional como um patrimônio não é só “simpática”, é na verdade bem útil, pois assim podemos ir construindo um repertório de comportamentos, técnicas, que nos levem a alcançar um patrimônio bem bacana, sólido para uma vida feliz nas relações, não só com os outros, mas também cada um de nós, com seu próprio EU.
Os cinco grandes domínios ou competências da inteligência emocional são “treináveis” a partir de trabalhos direcionados e sistemáticos dentro da Psicologia, comumente desenvolvidos através de técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental e/ou Psicologia Positiva. Vale a pena lembrar que quanto mais intensa e engajada for a contingência ao treino cognitivo e comportamental destas competências, melhor serão os resultados colhidos!
E que domínios são estes?
Autoconsciência ou autoconhecimento, autocontrole ou gestão das emoções, empatia ou consciência social, automotivação e finalmente a habilidade social.
Para concluir e também facilitar um pouquinho o entendimento dos cinco domínios da IE, montei esse quadro abaixo:
Autoconsciência | Autoconsciência emocional: reconhecimento das emoções e seus efeitos.
Autoavaliação: reconhecimento das próprias capacidades e limitações Autoconfiança: capacidade de confiar em si mesmo. |
Autocontrole
ou Gestão das emoções |
Autocontrole: manter o controle das reações emocionais intensas.
Confiabilidade: capacidade de demonstrar credibilidade Conscienciosidade: senso de responsabilidade, honra Adaptabilidade: habilidade de ser flexível perante mudanças Inovação: interesse por novas ideias e maneiras novas de solução de problemas. |
Automotivação | Orientação para a realização: ser movido pela realização de objetivos.
Engajamento: dedicação ao alcance de uma meta de um grupo Iniciativa: ter pró-atividade e tomar atitudes espontâneas Otimismo: ter esperança e acreditar que o melhor acontecerá. |
Empatia ou consciência social | Saber perceber o que se passa com outras pessoas, saber demonstrar que sabemos o que os outros sentem.
Desenvolvimento de pessoas: potencializar as habilidades dos outros Orientação para o serviço: saber proporcionar bem-estar ou satisfação às pessoas. |
Habilidades Sociais | Comunicação: saber compartilhar informações e ideias verbal e não verbalmente.
Influência: mobilizar e persuadir aos outros de modo natural, sem imposição Criação e manutenção de vínculos: iniciar e ter relações sólidas e mutuamente benéficas Gerenciamento de conflitos: mediar e solucionar impasses com assertividade Liderança: inspirar e conduzir com eficácia grupos Facilitação de mudanças: promover e gerenciar alternativas Cooperação: habilidade de trabalhar com outras pessoas visando objetivos comuns. Percepção política: compreensão de interesses que movem um grupo e de fatores que influenciam ações Alavancar diversidade: gerar oportunidades através da valorização da diversidade humana. |
Espero ter despertado nas pessoas o interesse para aprofundamento neste tema, já que é tão essencial para nosso estabelecimento como seres sociais, e, que certamente faz muita diferença na qualidade de nossas relações e na nossa capacidade de solução de problemas no dia a dia!