O princípio básico do bem-estar: educação mental

“Uma vida sem objetivo é uma vida sem alegria. Tenham todos um objetivo. Mas não se esqueçam de que da qualidade do seu objetivo vai depender a qualidade de sua vida”. Com essas palavras Mira Alfassa, a Mãe, procurou inspirar o ser humano a resgatar o seu propósito de vida e realiza-lo, com amor, sabedoria e esperança.

No entanto, ela deixa bem claro que uma boa qualidade de vida está atrelada a um objetivo de vida elevado e generoso, de modo que a vida seja preciosa para si e para o outro.

Para que se alcance com êxito um objetivo externo, contudo, é necessário um trabalho de auto-aperfeiçoamento interno. Quando o indivíduo volta a olhar para dentro de si, reconhecendo suas forças, habilidades e necessidades, suas ações passam a ser mais coerentes com aquilo que, de fato, o realiza.

O olhar para dentro desenvolve a capacidade de o indivíduo identificar suas aspirações, seus sentimentos, controlar suas emoções e vigiar seus pensamentos. Além disso, faz com que ele perceba as suas esferas física, psíquica, energética, mental e espiritual, integrando-as e equilibrando-as.

Para que esse trabalho interior possa produzir melhores resultados, tornando o ser mais sereno e alegre, é fundamental que ele seja orientado. Assim, poderá percorrer o caminho do autoconhecimento com base em fundamentos e num esforço e disciplina constantes.

Essa orientação deve conduzir o ser às suas diferentes dimensões, fazendo com que ele aprenda sobre as características de cada uma, e como leva-las à plenitude de funcionamento.

A Educação Mental

Nesse contexto, uma das formas de orientação necessária ao crescimento do ser é a educação mental. Esta, segundo a Mãe, se trata de um processo de instrução daquele ser em formação. Instrução, contudo, não significa entupir o seu cérebro de informações, mas preparar o homem para uma vida superior. É a habilidade de tornar o mental um instrumento bom e útil.

A Mãe revela que o processo de educação mental pode ser dividido em cinco fases:

1. Desenvolvimento do poder de concentração, da capacidade de atenção

A dispersão do pensamento é o que mais impede o progresso mental nas crianças. No entanto, elas possuem uma capacidade inata de prestar atenção. Para isso, o educador deve trabalhar para manter a criança atenta ao trabalho que realiza.

Existem vários meios, como jogos ou recompensas, para manter a criança atenta. Todavia, o método mais eficaz é atrair o seu interesse genuíno pela atividade exercida, o gosto pelo trabalho. Quando a própria criança tem a vontade própria de agir, seu progresso é muito maior. E dessa maneira, será mais fácil para ela compreender o que está sendo feito e carregar aquele aprendizado para o resto de sua vida.

2. Desenvolvimento das capacidades de expansão, alargamento, complexidade e riqueza

Depois que o gosto pelo estudo verdadeiro for despertado na criança, o mental deve alargar-se e enriquecer-se. Deve ser demonstrado à criança que tudo pode se tornar um assunto interessante, desde que abordado de forma adequada. Logo, deve-se dar uma resposta interessante a todas as perguntas feitas pelas crianças, de modo a estimular essa curiosidade boa.

Deve-se incentivar a leitura, de modo a despertar sua imaginação, tornando a criança criativa e alegre. Além disso, para aumentar a capacidade de compreensão do mental, deve ser demonstrado a criança que ela pode lidar com a mesma questão de diferentes maneiras. Isso irá retirar a rigidez de pensamento, deixando uma abertura para que ela possa enxergar outras fontes de conhecimento.

3. Organização das ideias em torno de uma ideia central, um ideal superior ou uma ideia soberanamente luminosa que servirá de guia à vida

Com o progresso nos estudos e o crescimento em idade, o mental da criança amadurece e se torna capaz de desenvolver ideias mais gerais. Isso é interessante pois torna-se possível ordenar as noções variadas e contraditórias em torno de uma ideia central.

Tal ideia central deve ser a mais alta e ampla possível, com vistas a organizar e harmonizar um grande e complexo número de noções e pensamentos. Dessa forma evita-se o caos no campo mental. Esse trabalho de organização se dá constantemente, já que ao longo da vida é natural que haja uma reclassificação dos pensamentos em relação a ideia central.

4. Controle dos pensamentos, rejeição dos pensamentos indesejáveis, para que se possa, afinal, pensar apenas o que se quer e quando se quiser

O que foi dito até agora refere-se ao aspecto especulativo da atividade mental, aquele que aprende. Porém também tem importância a faculdade construtiva, ou seja, formar e preparar a ação.

Apenas os pensamentos que estão em consonância com a tendência da ideia central devem ser autorizados e traduzidos e ação. Assim, toda vez que qualquer pensamento chega ao campo mental, deve haver uma avaliação para se verificar: se encontrar um lugar lógico entre os pensamentos já agrupados em torno da ideia central, será admitido; se não, deverá ser rejeitado para que não influencie nenhuma ação.

Trata-se de um trabalho de purificação mental, o qual deve ser feito regularmente. Para que essa observação dos pensamentos ocorra de forma eficaz, é necessário reservar um tempo diariamente para que se volte o olhar para dentro, tranquilamente. Quando esse olhar para si se transformar num hábito, haverá um controle sobre os pensamentos. Através da atenção e concentração intensas, o ser pode vigiar seu campo mental, organizando-o ou silenciando-o. Isso transforma completamente as suas ações.

5. Desenvolvimento do silêncio mental, da calma perfeita e de uma receptividade cada vez mais total às inspirações vindas das regiões superiores do ser

O campo mental raramente descansa. Uma sequência de atividades torna-o confuso e incoerente. Isso gera tensão e compromete as tarefas intelectuais. Logo, o silêncio é extremamente útil para que se possa criar espaços de descanso nas atividades do mental.

O repouso do campo mental é algo a ser adquirido. É no silêncio desse repouso que se pode acessar regiões superiores do mental e de lá absorver inspirações. Cabe destacar que o repouso mental não necessariamente ocorre durante o sono. Na maioria das vezes, a agitação noturna é grande. É necessário incorporar à rotina práticas que permitam que o ser humano tire o foco dos pensamentos e leve toda a sua atenção para a atividade que realiza. Por exemplo, meditação, uma boa leitura, dança, ou outra tarefa que gere engajamento.

Portanto, quando se tiver aprendido a concentrar e silenciar o mental, o ser humano terá mais condições de encontrar soluções para os desafios que a vida apresentar. Na tranquilidade atenta a luz pode se manifestar e ampliar as capacidades humanas.

 

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