YAMAS: As regras que contribuem para o bom convívio social

O yoga é uma das escolas da filosofia hindu cujo principal objetivo é promover a união de nossas esferas física, mental e espiritual. Os Yamas, regras que contribuem para o bom convívio social, são a base do yoga, segundo Maharishi Patanjali. Este grande mestre apresentou-nos os yamas, no texto dos Yoga Sutras, como o primeiro dos oito passos para nos reconectamos à nossa essência. Patanjali apresenta em sua obra cinco princípios éticos para nos relacionarmos com os outros e com nosso próprio ser.

Ahimsa

O primeiro princípio nos orienta a praticar a não-violência, yama conhecido como ahimsa. Devemos adotar pensamentos, palavras e ações não-violentas. Sendo assim, não nos cabe matar, ferir, agredir, nem ser causa da dor alheia.

Trata-se de um princípio de conduta que preza pelo máximo respeito a toda manifestação de vida, na forma que se apresente. É preciso se ter em mente que uma violência gera outra. Logo, agir de forma não-violenta significa interromper um ciclo destrutivo de violência.

Ao contrário do que possa parecer, a violência não é somente física, ou seja, na medida em que desejamos o mal ou torcemos pelo fracasso alheio, estamos agindo violentamente.

Além disso, a violência não é praticada somente contra outros seres. Nós nos violentamos, por exemplo, quando nos deixamos levar pelos pensamentos destrutivos, que acabam com nossa estima, confiança e coragem. Sem falar nos maus hábitos que adquirimos como a alimentação inadequada, o ato de fumar, exercícios físicos indevidamente executados, os quais prejudicam o funcionamento do nosso organismo.

Violentamos, também, o meio ambiente, através da poluição do ar, solo, rios, lagos e oceanos, do desmatamento, da caça predatória, do uso inadequado do solo etc. Não podemos nos esquecer de que o ambiente é nosso corpo estendido, o qual deve ser tratado com compaixão e cuidado.

Mahatma Gandhi, líder político do movimento de independência da Índia, é uma referência de não-violência. Ele demonstrou que a ação amorosa desperta em qualquer ser, ainda que um inimigo de guerra, o sentimento de unidade entre os seres humanos. Aderindo ao comportamento não-violento nos conectamos com nossa fonte criadora, a qual nos mantém firmes para agirmos pacificamente.

Satya

O segundo yama, satya, nos orienta a buscar sempre a veracidade entre pensamentos, palavras e ações. Isto é, deve haver uma coerência entre pensamentos e ações, de modo que nosso Ser possa se expanda.

A mentira e a falsidade, pois, violam a integridade de nosso comportamento. Devemos abdicar de mentir para os outros e para nós mesmos. Por exemplo, quando sentimos nossa consciência pesar, há grandes chances de estarmos nos iludindo, mentindo para nós mesmos. A verdade é causa do bem, ela permite que nos aproximemos dos outros seres e nos liberta da tal ilusão.

Esse princípio também nos chama a atenção para distinguirmos o real do irreal. A verdade, o real, é aquilo que de fato existe e que devemos aceitar. Já o irreal são nossas fantasias mentais, nas quais não precisamos acreditar, pois não existem no mundo concreto. Essa percepção nos traz clareza e tranquilidade para caminharmos firmes.

Brahmacharya

, nos orienta a controlar o impulso sexual. O objetivo não é que o indivíduo se torne celibatário, mas que exerça sua sexualidade de forma saudável. A sexualidade é uma energia que domina facilmente o ser humano. Talvez pelo fato de sermos uma própria manifestação dessa energia. Contudo, só conseguiremos evoluir profundamente quando nós estivermos no controle.

Para assumir essa posição se faz necessário abdicar da perversão, exacerbação, exploração e submissão sexual. Devemos desenvolver o respeito e a consideração pelo próximo e por nós mesmos, para que possamos agir conforme nossa consciência. Esse yama nos orienta a penetrar nossa esfera espiritual, a fim de que dominemos essa energia. Tal mergulho nos alinhará com a sexualidade do cosmos, isto é, a sua força criativa, podendo sublimar nossa expressão carnal.

Asteya

O quarto yama, asteya, nos orienta a não roubar o próximo, nem a nós mesmos. O roubar não se limita ao aspecto material. Ou seja, não devemos invejar, enganar, manipular os outros, nem nos apoderar de suas ideias. Segundo essa regra comportamental devemos ser honestos, agir com dignidade e honradez.

Quando estamos unidos à nossa essência espiritual não há espaço para o medo, sentimento que normalmente dá origem às atitudes desonestas. Além disso, não podemos ceder ao nosso ego. Este tenta constantemente roubar oportunidades de crescimento pessoal, enviando-nos pensamentos negativos. Por fim, asteya é exercício de desapego, pois tomamos consciência de que não são as coisas extrínsecas que nos proporcionarão segurança e felicidade.

Aparigraha

O último yama desenvolvido por Patanjali é aparigraha. Esse princípio nos orienta a buscar a simplicidade, a não possessividade. Essa ânsia pela posse de bens materiais, resultados, poder, status, e até de sentimentos, deve ser controlada.

Devemos alterar nossa referência interna, ou seja, nosso comportamento não pode se basear nas fantasias mentais que comprometem nossos relacionamentos. Nosso apoio deve ser a alma, que nos permite promover o bem-estar coletivo e pessoal. Aprendemos a viver com o necessário e como lidar com os bens que possuímos. Nossa consciência nos revela que podemos saborear das atividades e objetos do mundo, sem nos tornarmos prisioneiros deles.

Portanto, tais regras de comportamento social contribuem para nossa evolução espiritual. Na medida em que agimos e pensamos de forma não violenta, em que praticamos a verdade, em que dominamos nossa energia, em que somos honestos e não ostentamos, entramos em contato com a nossa natureza amorosa. A partir daí um ciclo de bondade se instaura, afinal a conexão com nossa essência nos impede de tomar atitudes desfavoráveis a nós e aos outros seres.

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