Ásana: reconectando-se com o próprio corpo

Seguindo os ensinamentos de Patanjali, codificador do yoga, além dos yamas e niyamas, o ásana é um dos braços fundamentais do yoga. Trata-se das posições psicofísicas capazes de produzir vários efeitos no organismo.

Segundo o mestre, o ásana deve ser uma posição firme e confortável, através da qual o praticante desenvolve o domínio corporal para atingir níveis mais sutis de consciência.

Existem muitos ásanas. Presume-se que a primeira postura yogue seja um desenvolvimento natural da posição acocorada.

Tais posições são consideradas psicofísicas devido a intensa participação mental durante a sua execução. Ou seja, além dos efeitos terapêuticos, os psíquicos também se fazem presente. O ásana permite que o praticante sinta o seu corpo e observe a sua mente, promovendo a perfeita união entre ambos.

Nesse contexto, Mircea Eliade ressalta a relevância do ásana, já que colocar o corpo numa posição imóvel e estática retira o homem da sua condição natural de agitação. No estado de ásana, pois, rompe-se com um condicionamento para que o praticante desenvolva a sua habilidade de se manter concentrado, observando sua atitude mental sem se deixar levar por ela.

Isso é um treino para a vida. O que se aprende a cada execução de um ásana é de extrema utilidade para qualquer situação que se apresente. A cada postura, o praticamente tem a oportunidade de trabalhar sua firmeza, força, flexibilidade, equilíbrio, criando, assim, maiores condições para que suas atitudes durante a rotina sejam dotadas dessas mesmas qualidades.

Além da oportunidade de observar a própria mente, ao executar um ásana o praticante movimenta o prana, isto é, a energia vital do seu organismo. Trabalha-se, então, para desobstruir os canais energéticos do corpo, assim como para aumentar o próprio fluxo de energia.

Ásana e seus efeitos

O mencionado aumento no fluxo energético ocorre porque os ásanas contribuem para a abertura dos chakras, que são os centros catalizadores de energia, localizados no nosso corpo etérico. Tais centros situam-se ao longo da coluna vertebral e dialogam com o corpo físico através dos plexos e glândulas.

Como os ásanas estimulam e aperfeiçoam o funcionamento dos plexos e glândulas, através do movimento de músculos, ossos e articulações, os chakras a eles correspondentes, consequentemente, acabam se beneficiando. Passam, pois, a captar mais energia vital, o que confere maior criatividade, força, sensibilidade, dentre outros benefícios, ao praticante.

Os ásanas possuem ação terapêutica e restauradora. Proporcionam um grande bem-estar físico e psíquico, o que corrobora para o equilíbrio emocional.

Na esfera física, os ásanas fortalecem os músculos abdominais, dão elasticidade à coluna vertebral, estimulam a circulação sanguínea e corrigem o funcionamento de órgãos internos, como fígado, vesícula, intestinos etc.

Recuperam as vísceras mediante amassamento e massageamento. Favorecem a atividade de determinados nervos e plexos nervosos, gerando uma maior amplitude de sensibilidade interna.

Na esfera mental, interferem na medida em que forçam o praticamente a romper com sua tendência natural de agitação. É preciso estar totalmente concentrado para executar o ásana. Esses momentos de concentração estimulam o corpo mental do praticante para que ele desenvolva seu estado de presença.

Em resumo, os ásanas corrigem a estética, melhoram o estado de saúde, aumentam as energias, ampliam a capacidade mental, elevam o tônus psíquico e revitalizam o ser.

Regras gerais de execução dos ásanas

Posição Física

A posição deve ser firme, agradável e harmoniosa, de modo em que o praticante tenha condições de permanecer na posição e observar o próprio corpo e a mente. Desenvolve-se, pois, o domínio corporal.

Respiração Coordenada

A respiração é fundamental na execução dos ásanas. Ela deve ser consciente, lenta e profunda. Além de oxigenar o corpo, quando o praticante leva sua atenção para a respiração está totalmente presente.

Existem algumas regras para a coordenação da respiração com o movimento. Uma delas é a seguinte: os movimentos feitos para cima devem ser conjugados com a inspiração. Já os movimentos para baixo com a expiração.

Permanência

A permanência é importante, pois o praticante necessita desse tempo para observar a si mesmo. Isto é, sentir o próprio corpo, a musculatura alongando e contraindo, perceber as emoções que surgem, observar a tendência da mente de enviar pensamentos negativos etc. Essa observação é fundamental para que o praticante entenda alguns mecanismos mentais e tenha condição de freá-los.

É importante destacar, contudo, que não se deve forçar o corpo além dos seus limites.

Atitude Interior

É perfeitamente normal que durante a execução de um ásana determinadas partes do corpo sejam mais exigidas. É interessante, portanto, que o praticante visualize estas partes do corpo e respire suave e profundamente para energiza-las.

A respiração consciente durante a prática do ásana é capaz de criar estados mentais maravilhosos. Deve-se adotar uma atitude interior tranquila, estabelecendo com o corpo um diálogo carinhoso.

Estado de Consciência de Ásana

Esse estado é alcançado pela identificação do praticante com o próprio corpo, mediante a ampliação da consciência corporal. É estabelecida uma linguagem de movimento, ritmo e respiração com o corpo.

Por fim, é fundamental a execução das posturas psicofísicas para que se alcance o objetivo do yoga, qual seja, o estado meditativo. Utiliza-se o corpo físico para educar a mente, mantendo-a mais atenta e tranquila.

O fato de se colocar o corpo em posições diferentes das quais está habituado interfere positivamente na circulação sanguínea, nervosa e energética. Além do mais, a execução dos ásanas permite o desenvolvimento do domínio corporal. Sendo o corpo, a mente e a emoção interdependentes, o controle do primeiro repercute nos demais.

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