Equilíbrio entre as esferas do ser humano

equilibrio entre as esferas do ser
equilibrio entre as esferas do ser

O ser humano é complexo e apesar de darmos muita importância para a nossa esfera física, ela não é única. Além da matéria, existem esferas mais sutis do nosso ser que não podem ser percebidas, mas que exercem uma grande influência no nosso bem-estar.
É extremamente benéfico, pois, quando tomamos a consciência de que também somos
compostos por esferas não materiais e de que as mesmas se relacionam com o nosso
organismo físico.

A ciência Védica, tradição mais antiga de conhecimento do mundo,  estudou o ser humano  baseando-se no conhecimento da consciência. O que é ensinado representa a percepção de antigos sábios sobre a evolução da vida. Segundo essa tradição, o ser humano deve ser compreendido além da sua forma física, já que a nossa vida se expande simultaneamente em diferentes níveis.

Adi Shankara, um dos mestres que muito contribuiu com a ciência védica, desenvolveu uma espécie de mapa, identificando diferentes camadas que compõem o ser humano. A tais camadas o sábio deu o nome de koshas, que em português significa “coberturas”. No seu entendimento, nossa essência espiritual é revestida pelas coberturas mentais e físicas, de modo que nos cabe ir além dos revestimentos para ter acesso a esfera mais profunda do nosso ser, onde podemos gozar da felicidade plena.

Shankara ensina que as camadas estão em constante interação e devem ser encaradas como partes integrantes de um todo. Na sua divisão, o ser humano seria composto por nove camadas, as quais estariam apresentadas da seguinte forma:

  • Corpo Físico
  • Corpo Sutil
  • Corpo Causal

Corpo Físico

O corpo físico, o campo das moléculas, seria formado por três camadas: o corpo estendido, o corpo pessoal e o corpo energético.

Corpo estendido é o ambiente no qual nos encontramos. O nosso ecossistema faz parte do
nosso ser, e por isso temos uma grande responsabilidade sobre ele. A respiração nos faz
lembrar que o ambiente é a continuação da nossa matéria e que estamos entrelaçados, afinal inspiramos o oxigênio que o meio dispõe e retribuímos ao expirar gás carbônico.

Além disso, uma série de informações do ambiente absorvidas pelos nossos sentidos modificam nosso estado mental e físico.

Já o corpo pessoal é aquele composto por células, tecidos e órgãos. Essa camada está em
constante transformação, tendo em vista que nossas células sempre se modificam. É
fundamental a preservação do nosso corpo pessoal, pois podemos utilizá-lo como um veículo para acessar outros níveis de consciência.

A terceira camada seria nosso corpo energético. Segundo o mestre, essa camada consiste na energia vital que circula pelo nosso organismo. Esse fluxo é controlado pelos centros de
energia espalhados pelo nosso corpo, os chamados chakras. O funcionamento desses
reguladores interfere nos processos bioquímicos do organismo, pois quando não estão abertos e harmonizados a energia flui livremente pelas células e tecidos; no contrário, tais processos ficam comprometidos e perdemos a vitalidade para exercer nossas tarefas.

Corpo Sutil

As três camadas seguintes compõem o que Shankara chamou de corpo sutil, nosso campo
mental.

O primeiro componente é a mente. Trata-se do local onde nossas impressões sensoriais ficam armazenadas e onde nossos pensamentos são produzidos. Ao contrário do que muitos pensam, nós não somos a nossa mente, nem o que pensamos.
Nossa mente é um instrumento que está à nossa disposição e pode ser extremamente útil,
desde que saibamos lidar com ela. Se não ficarmos atentos aos seus mecanismos somos
facilmente dominados, o que gera um desequilíbrio emocional.

A segunda camada do campo mental seria o intelecto, o aspecto do corpo sutil que faz
distinções. Quando temos que fazer escolhas, seja para decidir qual roupa vamos usar ou qual será o meio de transporte utilizado para ir até o trabalho, é o intelecto que está operando, calculando as possíveis vantagens e desvantagens.

A terceira camada seria o ego. Trata-se da imagem que criamos de nós mesmos, e que
queremos projetar para o mundo. É o aspecto que se identifica com o que possuímos na vida.

O ego detesta ser contrariado, necessita ter o controle da situação e está sempre buscando
aprovação. Nosso estado emocional está atrelado à satisfação ou não do nosso ego.
Como nosso ego nos confunde com frequência, Shankara ensina que devemos contê-lo para que possamos ter acesso às nossas camadas mais profundas. Tais camadas compõem o corpo causal, nosso campo de potencialidade pura. Esse campo representa a alma, nossa esfera espiritual.

Corpo Causal

A primeira camada do espírito é chamada de pessoal. Trata-se da parte de nossa alma que
possui memórias e desejos exclusivos. É a região de onde vêm os nossos talentos inatos e
nossas reais necessidades nessa existência, as quais devem ser atendidas para que nos
realizemos.

Sri Prem Baba, outro mestre espiritual, em seu livro intitulado “Propósito: A coragem de ser quem somos”, ensina que antes de nascermos nossas almas já estariam programadas com um propósito a ser realizado nessa existência. Viver de forma plena seria a consequência natural da realização deste propósito.

A segunda camada da alma é chamada de coletiva. Essa parte da alma guarda características míticas. Segundo o mestre Shankara, seria a região da alma habitada por Deuses que nos utilizam como ferramentas para dar continuidade ao processo da criação.

Por fim, a camada mais profunda do nosso ser é a esfera universal da alma. É a região que está além do tempo e do espaço, e dá origem ao universo manifestado. É o nosso campo de potencialidade pura, ilimitado, onde nos religamos à nossa fonte criadora e para onde
retornaremos. Essa camada representa a unidade, onde encontramos a verdadeira paz e
quietude.

Tomando como base essas camadas que compõem o ser humano, devemos nos atentar para nossa essência espiritual. Necessitamos de um corpo físico e um mental para sobrevivermos nessa existência, mas nenhum dos dois é a nossa verdadeira identidade.

A felicidade, a paz e a realização que tanto almejamos podem ser alcançadas quando tomamos a consciência de que elas já existem na região mais profunda do nosso ser.

Para isso, devemos nos exercitar em nossas esferas, física, mental e espiritual. Esse trabalho completo nos proporciona uma vida equilibrada, repleta de sentido. À medida que conciliamos nossas atividades mundanas com a prática espiritual, nossa forma de ver o mundo se transforma, passamos a viver a nossa integralidade e, consequentemente, nos sentimos mais completos.

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